Em uma solenidade em Fortaleza para anunciar recursos para grandes obras no Nordeste, nesta sexta-feira (25/11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a União priorize as regiões mais pobres na hora de fazer investimentos e disse que isso só não acontece por causa da "mediocridade política do Brasil".Para o presidente, por causa dessa "mediocridade", boa parte da classe política "não consegue pensar no país nem um minuto depois do seu mandato"."Acho que essas coisas não acontecem no Brasil, e quero pedir desculpas se alguém se sentir ofendido, pela mediocridade política do Brasil. Pela mediocridade de uma classe política, em que uma boa parte dela não consegue pensar no país nem um minuto depois do seu mandato, só pensa nos seus quatro anos, pensando numa reeleição", afirmou.Em seu discurso improvisado (clique aqui para ler a íntegra do discurso), que demorou 48 minutos, ele usou uma metáfora ao falar na hipótese de não continuar no governo. "Quando a gente planta uma árvore, necessariamente não temos que chupar o fruto daquela árvore. Outros que virão depois poderão ser os beneficiários. Mas nós [governo Lula] tivemos a coragem de plantar, mesmo sabendo que não íamos chupar o fruto daquela árvore", disse.Lula esteve em Fortaleza, na sede do BNB (Banco do Nordeste do Brasil), para anunciar investimentos no Metrofor (o metrô de Fortaleza, cujas obras estão paradas), na construção de uma siderúrgica no Ceará e na ferrovia Transnordestina, que prevê investimentos de R$ 4,5 bilhões.O presidente disse que o país vive uma boa fase, com crescimento econômico e no número de empregos, mas que, mesmo assim, há sempre os que torcem pelo fracasso, como "ave de mau agouro". "O Brasil é fantasticamente engraçado, eu não sei se é no Brasil ou se é no mundo inteiro, mas aquele que perde uma eleição fica torcendo, torcendo, torcendo para que o presidente eleito não faça nada que dê certo. Aqui todo mundo fica torcendo por um fracasso, que nem uma ave de mau agouro."Lula foi recebido, pelas cerca de 1.500 pessoas que participaram do evento, com gritos de "Brasil, urgente, Lula novamente".DefesaCoube ao ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) fazer a defesa do governo e afirmar que não há divergências internas insanáveis entre ministros."Na nossa equipe não tem desavença, é tudo intriga e boato da imprensa, a serviço da canalha da UDN", disse. "O que tem é uma discussão de gente boa, de gente séria, de gente patriota, que quer melhorar as coisas. O presidente Lula participa e estimula a discussões, porque é assim que um governante democrata deve fazer, e decide. Uma vez decidido, cada um que tem suas diferenças bota a viola no saco, a minha vive no saco quase todo dia, e nós tocamos a ferramenta para frente."Ciro referia-se à recente troca de críticas pública entre a ministra Dilma Roussef (Casa Civil), que estava no evento de hoje, e Antonio Palocci (Fazenda), sobre a condução da política econômica. Para ele, é um privilégio trabalhar ao lado de Dilma, a quem chamou de "xerifa".O único a citar Palocci e a elogiá-lo no palanque foi o governador do Ceará, o tucano Lúcio Alcântara.Lula também tocou no assunto, mas ao falar sobre as disputas políticas entre o Senado e a Câmara. "Quando vocês virem essas brigas, não se assustem. É melhor assim do que no tempo do regime militar, que a gente não tinha essas coisas. Isso é um aprendizado", disse."Depois dos 60 anos de idade, eu cheguei à seguinte conclusão: a nossa vida é tão curta, que não vale a pena a gente ter ódio, não vale a pena ter rancor, não vale a pena não pensar de forma otimista todo dia e toda hora."Homenagem Ciro procurou, em todo o seu discurso, fazer referências ao "esforço pessoal" do presidente Lula, ao "seu empenho", às "suas intervenções pessoais", à "sua determinação", à "sua insistência" ao governar.Lula retribuiu os elogios. O presidente disse que quis "homenagear" Ciro quando "deu" a ele as obras da Transnordestina e do Projeto São Francisco."Numa homenagem ao fato do Ciro Gomes ter sido meu concorrente, eu tê-lo chamado para participar do meu governo e ele ter aceito, eu dei as duas obras que são duas paixões na minha vida para ele fazer. Foi uma homenagem à humildade, à lealdade, às coisas transparentes que ele faz", disse o presidente.
Transnordestina será "estruturante" para a região, diz coordenador do projeto
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O governo federal quer transformar a nova Transnordestina em uma alavanca para o crescimento econômico e social da região Nordeste do país. "Trata-se de um projeto estruturante e vital para o desenvolvimento da região", afirmou Pedro Brito, secretário-executivo substituto do Ministério da Integração e coordenador do projeto da ferrovia. Em entrevista à Agência Brasil, Brito disse que a Transnordestina é um projeto que vai mudar completamente a possibilidade de logística da região."A Transnordestina é mais do que um instrumento de logística, vai viabilizar muitos empreendimentos potenciais", afirmou José Augusto Valente, secretário de Política Nacional do Ministério dos Transportes. Participaram do projeto os ministérios da Integração Nacional, dos Transportes, da Fazenda e Casa Civil. O Ministério do Meio Ambiente também participou na questão das licenças ambientais necessárias ao projeto.Com 1.860 quilômetros de extensão, a ferrovia começará no município de Eliseu Martins, no Piauí. De lá, segue pelo interior pernambucano até a cidade de Salgueiro, onde bifurca em dois ramais - um em direção ao porto de Suape, em Pernambuco, e o outro até o porto de Pecém, no Ceará.Toda a obra envolve investimentos de R$ 4,5 bilhões, dos quais R$ 3,95 bilhões de financiamentos do governo federal. O projeto original da Transnordestina foi iniciado em 1990 e paralisado no final de 1992, segundo o Ministério dos Transportes.
Da redação
Com informações da Agência Brasil
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